Parece incrível que em pleno 2022, muitos candidatos a cargos políticos ou partidos ainda não entendem ou têm dificuldade para lidar com o impulsionamento digital de campanhas. Quem acreditar que ter somente espaço em rádio, tv ou santinhos na mão pode ser suficiente, possivelmente ficará de fora do radar do eleitor, que abraçou a tecnologia e vive cada vez mais conectado. 

É claro, existem as regras do Tribunal Superior Eleitoral que precisam ser respeitadas para evitar multas, punições e até impugnações de candidaturas e isso deve exigir bastante atenção e controle das equipes responsáveis. Vou falar do que é permitido mais adiante!

Tenha em mente que entregar a mensagem certa, no momento certo para captar a atenção, o interesse do eleitor e o seu voto deve ser o alvo a ser atingido. E esse não é um caminho fácil. Investir em ações digitais e mídia, seja no google ou redes sociais, precisa ter acima de tudo um bom planejamento e isso geralmente não se faz em cima da hora e sem objetivos definidos. 

Para se destacar e aparecer nas redes e plataformas onde estão os eleitores, é preciso destinar recursos financeiros e de pessoal, devidamente validados para as diversas ações de impulsionamento e marketing disponíveis atualmente. 


Veja também:


Antes de seguir em frente, é bom diferenciar duas questões:

  • Alcance orgânico: é o número total de pessoas que viram suas publicações por meio de uma distribuição não paga, sendo postagens em redes sociais os exemplos mais comuns. 
  • Impulsionamento ou Ads: anúncios pagos geralmente segmentados em plataformas como Facebook, Instagram, Youtube e Google. 

Como fazer uma campanha eleitoral digital

Por mais eficaz que seja a campanha presencial, muitos partidos e candidatos estão modernizando sua abordagem tornando-se digital. As campanhas eleitorais online tornaram-se cada vez mais populares nos últimos anos, tanto entre os eleitores como entre os partidos. 

Cada vez mais pessoas em idade de votar passam a maior parte do tempo online, tornando os canais digitais a forma ideal para aumentar a conscientização sobre uma campanha eleitoral. 

O marketing de redes sociais não é apenas para empresas ou influenciadores; partidos políticos estão criando suas próprias páginas e perfis no Facebook, Instagram, canais no Youtube, Telegram, grupos no WhatsApp e até contas no TikTok para postar conteúdo antes das eleições e durante a campanha.

Usar anúncios pagos online também é uma opção para divulgar suas mensagens para um público ainda mais amplo. Você pode definir a localização em seus anúncios de redes sociais ou google ads, tornando-o ainda mais benéfico para segmentar eleitores locais.

Combine estratégias eleitorais impressas e digitais

2020 viu o surgimento do código QR, bastante utilizado em ações digitais pela facilidade em direcionar conteúdos ou anúncios. 

Muitos restaurantes e bares também fazem pleno uso de códigos QR para eliminar os riscos de contaminação ao compartilhar cardápios, permitindo que os visitantes naveguem pelo cardápio em seus telefones. 

Como uma grande proporção do público em geral está agora familiarizada com os códigos QR, isso oferece uma ótima oportunidade para combinar seus esforços de campanha impressa e digital adicionando códigos QR aos seus panfletos eleitorais.

Os panfletos não oferecem muito espaço para entrar em detalhes sobre por que o público deveria votar em você – mas uma página de destino no site do seu partido certamente o faz. Use o folheto para informar brevemente ao público quem você é e o que você representa, e inclua um código QR com um link para uma página contendo mais informações para quem quiser saber mais.

Conte uma boa história

A maioria dos eleitores vota com o coração, o que significa que é importante incentivá-los a construir uma conexão emocional com sua causa. A melhor maneira de fazer isso é reconhecer os problemas que as pessoas em sua área estão enfrentando atualmente e comunicar como você vai ouvir suas vozes para ajudar a resolvê-los.

É melhor criar uma história em torno das causas que você está apoiando que os eleitores possam se relacionar. Ao formular uma narrativa de campanha, é importante destacar como o representante político local pode se relacionar com seus eleitores. 

Talvez eles tenham morado na área local a vida toda ou tenham começado seu próprio pequeno negócio, o que os conscientizou sobre os problemas enfrentados por outros proprietários de empresas na área.

Contar histórias pode realmente ajudar um candidato político a se destacar porque faz com que os eleitores sintam que realmente sabem quem é o deputado ou senador. Pode criar um senso de confiança, algo em que as pessoas votarão em uma lista de políticas e programas alinhados com as pautas que importam para cada grupo de eleitor.

Por que  os dados fazem a diferença na campanha

O objetivo final da propaganda política é fazer com que as pessoas saiam e votem em um candidato. Portanto, os dados desempenham um papel extremamente importante aqui. Os candidatos devem aproveitar os dados disponíveis para entender melhor o que as pessoas querem ouvir. 

Por quê? Os eleitores se preocupam com certas questões e querem ver os candidatos apoiando-as. Além disso, se os eleitores forem expostos apenas a calúnias que vão e voltam entre os candidatos, é mais provável que sejam impedidos de votar neles. 

Coletar o maior número de dados possíveis e utilizá-los da forma correta ajuda em todo o processo de marketing e principalmente entender os anúncios e suas entregas, bem como as melhorias que podem ser feitas para uma maior efetividade.  

O que se pode fazer nas redes sociais nas Eleições 2022?

Importante entender o que é permitido utilizar como propaganda eleitoral, nas redes sociais nestas eleições. Tanto as proibições quanto liberações estão previstas na Resolução 23610 de 2019, do TSE.

Essa resolução estabelece regras sobre a propaganda eleitoral, bem como o uso do horário gratuito de propaganda para as eleições. Igualmente, dispõe quanto às condutas que são ilícitas na campanha eleitoral.

Confira algumas das principais previsões que influenciam sobre as eleições que ocorrerão ainda neste ano:

Propaganda eleitoral paga por impulsionamento de conteúdo

Fonte: Verifact

A lei permite o uso de propaganda eleitoral impulsionada desde que ela seja devidamente identificada como tal. Por isso, é necessário que o candidato seja o responsável pelo impulsionamento, bem como ele identifique que está patrocinando a publicação.

Ainda, é importante que o conteúdo compartilhado de forma impulsionada seja desenvolvido pelo próprio candidato e não por terceiros, como eleitores ou apoiadores.

Art. 29. É vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na internet, excetuado o impulsionamento de conteúdos, desde que identificado de forma inequívoca como tal e contratado exclusivamente por partidos políticos, federações, coligações, candidatas, candidatos e representantes (Lei nº 9.504/1997, art. 57-C, caput).

Envio de mensagens para eleitores que se cadastrarem voluntariamente

As eleições 2022 também permitem o envio de imagens de forma automática para eleitores que tenham se inscrito voluntariamente para recebê-las. Isto é, que demonstraram interesse em se informar mais sobre a candidatura ou sobre as eleições (conforme deve esclarecer o termo de uso e política de privacidade da landing page). Veja:

III – por meio de mensagem eletrônica para endereços cadastrados gratuitamente pela candidata ou pelo candidato, pelo partido político, pela federação ou pela coligação desde que presente uma das hipóteses legais que autorizam o tratamento de dados pessoais, nos termos dos arts. 7º e 11 da Lei nº 13.709/2018;

O que não pode fazer nas redes sociais durante as eleições?

Além de saber algumas das ações que são permitidas por lei para o uso das redes para fins eleitorais, também é importante saber o que a norma proíbe expressamente. Abaixo, então, confira algumas dessas limitações.

Impulsionamento de propaganda paga pelo eleitor

A lei proíbe que o impulsionamento de conteúdo eleitoral seja feita pelo eleitor. Isto é, somente o candidato ou o partido podem atuar como os responsáveis pelo pagamento e pelo impulso dos conteúdos.

Além disso, a lei também determina que é possível compartilhar conteúdos, como elogios e críticas ao candidato, feito por eleitores. Todavia, proíbe que o compartilhamento nesse caso – mesmo que feito pelo candidato ou partido – se dê com impulsionamento nas redes.

b) qualquer pessoa natural, vedada a contratação de impulsionamento e de disparo em massa de conteúdo nos termos do art. 34 desta resolução Lei nº 9.504/1997, art. 57-J).

Contratação de profissionais para a publicação de conteúdo eleitoral

A lei eleitoral para as eleições 2022 também proíbe que haja a contratação de terceiros para a publicação de conteúdos de propaganda. Com isso, por exemplo, é vedada a contratação de influenciadores digitais para realizarem publicidade eleitoral.

É claro que esses influenciadores podem se manifestar de acordo com suas visões e seus posicionamentos políticos. Contudo, isso somente pode ocorrer quando for voluntário. O pagamento para tais publicações é proibido, portanto.

§ 8º Incluem-se entre os tipos de propaganda eleitoral paga vedados pelo caput deste artigo a contratação de pessoas físicas ou jurídicas para que realizem publicações de cunho político eleitoral em seus perfis, páginas, canais, ou assimilados, em redes sociais ou aplicações de internet assimiladas, bem como em seus sítios eletrônicos.

Envio de mensagens a quem não solicitou

Também é vedada a possibilidade de envio de mensagens de propaganda eleitoral com disparos a quem não recebeu. Por isso, os destinatários podem ser apenas aqueles que demonstraram interesse voluntário para receberem tais conteúdos.

Isso é uma previsão para as eleições de 2022 que vem tanto da portaria da Justiça Eleitoral quanto da LGPD, a Lei Geral de Proteção de Dados. Segundo ela, o uso de informações de terceiros somente pode ser utilizado com a anuência do titular e nos limites e condições dela.

Conclusão

Para obter resultados que se traduzem em votos com o uso do digital, é preciso contar com equipes especializadas e profissionais que entendam de gestão de redes sociais, bem como agências de marketing capacitadas.

Nesse momento de campanha, o amadorismo e a falta de presença digital podem ser a diferença entre a eleição e a derrota para o adversário, concorrente ao mesmo cargo. 

O marketing político é importante e decisivo para qualquer candidato à eleição, por isso não há como fugir das redes e da busca de alcance com impulsionamento planejado e eficiente. 

Deixe um comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado.